Essa viagem que não quero mais fazer

Sempre me falaram antes de eu viajar que contratempos, perrengue e merdas iam acontecer e que seria engraçado e que eu iria lembrar delas rindo e que tudo bem. E sim, é mais ou menos isso que acontece mesmo.
Eu queria economizar e tive a brilhante idéia de ir de ( vamos prestar bastante atenção nessa parte) LIMA ATÉ SANTIAGO de ônibus.
Note o mapa abaixo, comparando um pouco do mapa do Brasil pra ter noção da brincadeira.

São 2 dias e 8h de viagem.
Fim de post.

Hahaha
Enfim, doente, sem esperança, torcendo pra desmaiar e acordar quando o bus moço dissesse para colocar o assento em posição vertical, pq estávamos chegando.

Saímos atrasados, porém depois das primeiras 24h de viagem, já estávamos saindo das terras Peruanas.
Antes de falar da imigração, para vocês não acharem que eu tava totalmente na pior, o ônibus que peguei é realmente confortável,  a cadeira reclina bastante, tem a mesma espécie de serviço de bordo que o bus de Cusco a Lima que tomei, contando com TV individual, etc, etc. Mas qualquer que fosse o conforto, o tempo de viagem não ajuda ninguém.

Enfim na fronteira, primeiro a polícia do Peru.
Cara, eu sei, não sou traficante de drogas, nem plantas, nem nada... mas não sei de vocês e suas viagens, mas eu fico muito tensa que por algum motivo vai dar alguma bosta e que eu vou me ferrar. É só um sentimento muito forte de "é agora que eu me fu...."

De todas as malas e mochilas que passaram no scanner, qual que eles resolveram abrir? A minha, e de outro gringo.... pq o resto do bus era visivelmente peruano.
Mas não abriram o zíper,  catucaram e deu. TIRARAM TUDO DE DENTRO DA MINHA MALA. E não foi numa salinha separada, foi na frente de todo moondo. Botaram minha cara no sol queimando o filme mostrando minhas intimidades - sim, minhas peças íntimas também.
Após isso, eu e o outro gringo já éramos populares no bus, afinal todos tiveram que esperar pela gente.
Logo depois de ter ficado mais de 1h30 na imigração peruana, vez da chilena, que o bus moço disse que era bem mais rigorosa só pra eu já começar a ter um mini AVC.
Na do Chile foi pior, pq eu sentia como que já era culpada e eles só tinham que descobrir o pq.
Na rua, a céu aberto, nossas malas e mochilas todas no chão,  formando uma fila, nós em fila e no outro lado, a fila com nossa bagagem de mão.
E lá vem o cão farejador.
Sim, já tava suando, já achava que ele ia intizicar com a minha mala, que ia latir, que ia ser levada pra prisão,  já tava pensando pra quem que eu ia ligar, se dava de fugir pra guerrilha, sei lá.
O cão ficou passando entre mala, gente, mala, gente.
E graças à energia cósmica Inca, foi embora. E aí é mais fila pra carimbar, pra passar no raio X.... nisso tudo de Peru e Chile, foi uma manhã inteira.
Seguimos viagem, muito filme, muito angry birds, e pouco papo no bus, pq é descobrir que é brasileira, pra falar de samba e das mulheres.
A partir da fronteira, parecia que não acabava mais, e eu começava a pensar em chuveiro, em deitar, em sabonete.... coisas assim!

Acordar no segundo dia e pensar que tinha um dia inteiro usando lenço úmido, dava uma desanimada... mas eu tava sempre em mente que o banho seria meu troféu.
Sem falar, que desde o Peru meu celular não pegava mais, então eu tava desconectada do mundo fora do bus.
Lá pelas 16h30 do segundo dia, Georgina desembarca na rodoviária, pega um táxi, faz check in no hostel e logo em seguida, no banheiro.
Banho, que coisa boa!!! Eu dava risada sozinha e agradecia pela água, pelo sabonete pela gilette....
Ainda meio doente e cansada, somente sai pra comprar água e jantar. Feliz demais por ter chegado e também já animada com a cidade, que é muito bonita!

Desculpem o tamanho do post e as reclamações,  foi punk,  ainda mais doente.
Mais uma aventura pro caderninho.